12/05/2021

Bom Dia, Verônica - crítica

 



Na real, eu estou gostando muito dessa nova tendência das séries brasileiras.
Roteiros de temáticas variadas, o Brasil mostrando que tem capacidade de produzir obras em série de nível internacional.
Cidade Invisível, Última Chamada, Desalma e agora Bom Dia Verônica. Super recomendo PORÉM...essa aqui é uma série bem pesada no que diz respeito a gatilhos acerca de violência contra a mulher e estupro, então se você tem receio, cuidado redobrado. Sério.
Resumidamente, a história trata-se de um thriller policial no qual a escrivã Verônica passa a investigar dois terríveis casos de violência contra a mulher. Porém, mal sabe ela que um destes casos se revela algo muito mais sombrio e perigoso do que sequer poderia imaginar, que pode colocar não apenas a vida de vítimas, como a dela própria em um caminho sem volta.


A série é composta por apenas 8 episódios e tem a classificação para +18 anos. É uma história envolvente e perturbadora que prende totalmente nossa atenção e interesse e não conseguimos parar de assistir até chegar ao fim. Uma nova temporada já foi confirmada e fica a expectativa sobre que temas serão abordados e quais caminhos as pendências da primeira temporada levarão.





Série x Livro

Eu soube que Bom Dia Verônica tem sua origem em um livro escrito pela "suposta' identidade de Andrea Killmore. Digo suposta, porque é um artifício usado por seus criadores, os escritores Raphael Montes e Illana Casoy. O livro é lançado pela editora DarkSide Books. O ritmo da escrita é ligeiro, envolvente, focado no que é realmente importante, sem perder muito tempo com descrições de cenários e acontecimentos, os diálogos ágeis e sucintos. O tipo narrativo da trama é duplo: primeira pessoa para os capítulos de Verônica, terceira pessoa para os capítulos de Janete.

Eu não consigo decidir qual versão considero melhor. Em alguns pontos, como acerca do passado de Brandão e sobre o primeiro caso investigado por Verônica, a abordagem do livro foi melhor explorada. Em contrapartida, a série deu um apelo mais profundo no moddus operrandi de Brandão e a própria Verônica é uma personagem mais legal na série do que no livro. A série ainda traz uma abordagem sobre mais um assunto (não revelarei para não dar spoilers) que carrega não apenas a participação maior de outros personagens como também um "gancho" para continuações.

Assim como toda obra que é adaptada para a tv, a série também possui diferenças em relação ao livro, tanto acerca de certos acontecimentos quanto das atitudes dos personalidades, bem como as profundidades pessoais de cada um deles. Mas isso não significa que um seja melhor que o outro: ambos são ótimos, envolventes, pesados e realistas. De modo que, se você gostou da série, leia o livro. E se você ainda não conferiu nenhum dos dois, confira ambos pois a experiência de leitura e a experiência visual da série são igualmente imersivas.




Preciso aproveitar e enaltecer aqui as atuações de Camila Morgado e Eduardo Moscovis...INCRÍVEIS. Que Camila Morgado é uma excelente atriz para papéis de qualquer tipo, é um fato. E aqui na pele da complexa e sofrida Janete, ela desperta uma grande empatia no espectador e consegue reproduzir com um realismo perturbador, a situação de um vítima de agressões físicas e psicológicas. Mas o que surpreende mesmo é a atuação de Eduardo Moscovis. O ator, que já foi um dos galãs das novelas da Globo vive aqui, acho, o papel mais perturbador de sua carreira. E ele traz tanto realismo que chegamos mesmo a ter medo dele. Seu personagem, Brandão, pode, sem dúvidas, entrar para o hall de grandes seriais killers da ficção.

Enquanto assistia a série, além do excelente roteiro, não pude deixar de encontrar diversas semelhanças a crimes hediondos reais praticados por seriais killers. O realismo do tema abordado e mostrado é tal que, para as pessoas mais sensíveis ou que já foram vítimas de violências semelhantes, vai certamente se sentir incomodada/o. E em certos momentos pude notar uma clara referência (e homenagem) a filmes de seriais killers, como Silêncio dos Inocentes. Para quem gosta de assistir obras do tipo, Bom Dia Verônica não perde em nada para as grandes produções sobre o tema. A obra ainda serve como um aviso importante: um aviso de que o mal e a violência pode estar em qualquer lugar, principalmente escondido atrás da máscara do tipico "príncipe encantado" ou do "cidadão de bem exemplo da sociedade". Em um mundo onde tantas mulheres são vítimas de atrocidades terríveis praticadas por desconhecidos e conhecidos, a série, por mais pesada que seja, serve também como um alerta necessário nos dias de hoje.



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