NOIR - anime crítica

Noir. É o nome de um destino antigo. Duas damas que governam a morte. Para proteger a paz do recém-nascido, suas mãos negras lhes servem de escudo.


É com esse antigo juramento que todos os capítulos de Noir se iniciam. A obra criada por Ryoe Tsukimura e produzido pelo estúdio Bee Train em 2001. No Brasil, o anime chegou a ser exibido pelo extinto canal Animax.

 A obra figura como um dos animes de qualidade incontestável, mas pouco conhecido. Não possui continuação, mangá ou algo do gênero, restringindo-se apenas á uma série de 26 episódios.Embora carregue o nome Noir, a obra não é sombria tampouco possui qualquer semelhança com o gênero de filmes denominados "noir".

Na trama, conhecemos a bela Mireille Bouquet, uma jovem que vive agradavelmente na França. Entretanto, sua profissão é fora do comum: Mireille é uma assassina profissional renomada e que recebe suas encomendas por e-mail. Um dia porém, ela recebe uma estranha mensagem: "Faça uma peregrinação ao passado comigo" seguida pelo estranho toque de uma caixinha de música que remete á Mireille sua traumatizante infância - mais especificamente o momento em que encontrou sua família assassinada.
Incapaz de ignorar a mensagem, Mireille viaja até o Japão atrás do remetente. Suas informações a levam até Kirika Yummura. Antes que pudessem conversar, ambas são surpreendidas por estranhos homens de terno que as atacam e uma intensa troca de tiros se inicia.

Kirika, apesar da aparência frágil, se revela uma exímia atiradora e especialista em artes marciais. Mas, após exterminar os inimigos, Kirika se pergunta como é capaz de tirar tantas vidas através de tais habilidades sem sentir absolutamente qualquer remorso. Mireille logo percebe que é incapaz de obter qualquer informação útil de Kirika, pois a garota. sofrendo de amnésia, não se lembra de nada do passado e de si mesma.

As duas decidem então fazer um trato: trabalhariam juntas como assassinas enquanto procuram informações acerca de seus passados que ambas sabem estarem conectados de alguma forma - o relógio de prata em posse de Kirika que toca a melodia que remete Mireille á sua maior dor no passado é a prova.

 Mireille sabe que é uma excelente atiradora e fria assassina profissional, mas ela se surpreende com Kirika. Durante as missões, a jovem japonesa se revela uma assassina incomparável, exímia atiradora e capaz de transformar qualquer objeto - qualquer um mesmo - em arma mortal.

Á princípio, Mireille a trata com desconfiança e receio, o qual Kirika aceita passivamente, muito embora estejam dividindo o mesmo teto. Mas, quando durante as missões de assassinato, elas se tornam alvos dos misteriosos homens de terno, percebem que precisam realmente se unir. Assim, investigando por suas próprias contas, Mireille e Kirika descobrem que os tais homens pertencem á uma poderosa e influente sociedade secreta milenar denominada Soldats. E estes Soldats são responsáveis pelo passado desconhecido de Mireille e principalmente Kirika. O único problema é que os membros dos Soldats preferem morrer a dizer o que sabem.

E isso faz com que as duas jovens assassinas se empenhem ainda mais em descobrir o misterioso segredo dos Soldats e de "Noir". E entre encomendas de assassinato de mafiosos, terroristas e foragidos de guerra, Mireille e Kirika se tornam parceiras e - por que não - amigas. Nos intervalos do trabalho ambas levam uma vida aparentemente normal  frequentando restaurantes e passeios - mas nunca se envolvendo com outras pessoas.

Com o tempo, elas passam a perceber que suas encomendas de assassinato parecem estar interligadas. Pior; sempre surpreendidas por membros dos Soldats, descobrem que estão em uma espécie grotesca de treinamento. Assim, para descobrir o que realmente está havendo, Kirika e Mireille aceitam as "provações", tornando-se uma dupla muito eficiente.

Em termos técnicos, Noir é ótimo. Desde a abertura, vemos uma animação de qualidade: os movimentos das personagens em combate é lindo, apesar de elas estarem matando. A simbiose de luta de Kirika e Chloé (uma terceira misteriosa assassina que aparece) é excelente, e o mesmo vale para quando Mireille e Kirika esvaziam os cartuchos de suas pistolas em sons e lampejos.

O sentimento e psicológico das personagens é outro ponto forte da série. A forma sutil de amizade de Mireille e Kirika desenvolvem se reflete na hora em que estão trabalhando juntas. A expressão das personagens é bem feita, deixando-as belas e reais.

O cenário é mais um ponto forte. Tudo muito bem retratado, principalmente a França e Itália. O esconderijo de Altena, com a sua decoração primitiva é fiel á história antiga bem como a cena em que Kirika e Chloé se banham no lago antes da cerimônia á Noir, mais parecem duas jovens sacerdotisas.

A trilha sonora é, sem dúvidas, um dos pontos mais altos do anime. Feita pela talentosíssima Yuki Kajiura, as músicas mesclam cantos gregorianos femininos, sons de guitarra e eletrônico. Eu sempre amei a trilha sonora desse anime mas só muitos e muitos anos depois soube que ela havia sido feita pela Kajiura, cujo trabalho eu adoro. Para quem não sabe, Yuki Kajiura é a compositora responsável pela trilha sonora de Kuroshitsuji, Tsubasa Chronichles, Madoka Magica, dentre outros. Então, é certeza que são músicas que evocam uma atmosfera mística fantásticas.

Confira a abertura do anime que remete a filmes
estilo Noir.

Embora seja um anime com foco em assassinatos, não há corpos destrinchados e sangue jorrando. É um anime de conteúdo que deve ser visto e apreciado por aqueles que gostam de um enredo conspiratório, violento (nunca apelativo), com personagens intrigantes, belas e de qualidade. Muita qualidade.
Recomendado!

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