26/11/2020

Prova Final - crítica

 


 Cotidiano escolar, dramas adolescentes, invasão alienígena, teorias conspiratórias, muitas referências a outras obras do cinema e estilo anos 90 no auge. Isto é o filme Prova Final.

Nos últimos tempos eu tenho estado um pouco nostálgica no quesito apreciar obras do cinema e literatura. E, nas buscas para assistir filmes, acabei me deparando com este, que até então nunca havia assistido (e depois de ver me pergunto como pude deixar passar despercebido). Olhei a sinopse e comecei a assistir  e...me diverti e me entretive do começo ao fim.

É fato que os filmes da década de 90 possuem um estilo próprio e marcante. É meio difícil de explicar, mas basta olhar e assistir que conseguimos identificar com facilidade um filme dessa época, principalmente quando o enredo contém adolescentes e cenários escolares. Há um certo padrão ali, tanto esteticamente quanto na forma de se filmar e, principalmente, na generalização de estereótipos adolescentes inseridos nos personagens.
Porém, esse uso de estereótipos não é algo ruim como a galera mais extremista de hoje na internet pode pensar: o estereótipo nos personagens adolescentes é um recurso narrativo divertido e eficaz que funcionava muito bem nos anos 90 e mesmo hoje ainda funciona não com o viés conscientizador e sim como o viés mais para descontração. E Prova Final trás isso e muito mais.


Dirigido por Robert Rodriguez e com o roteiro de Kevim Williamson (o mesmo que fez o roteiro de Pânico e Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado) o filme lançado em 1998 traz o tema de ficção científica de invasão alienígena em uma trama pop e teen, sendo um ótimo exemplar desse tipo. Não é um filme grandioso e nem um clássico memorável, mas ele cumpre muito o papel de divertir e entreter. A trama é bem conduzida, alternando com momentos de tensão e comédia no maior estilo dos filmes dos anos 90. E quando me refiro assim não é somente por conta dos efeitos especiais e estética da época, embora isso também entre no contexto. Mas além deles, é possível notar a forma como a trama é conduzida, a reação teatral dos personagens, os cortes de cena e enquadramentos de câmera. Vale destacar aforma como os personagens são apresentados logo no início da história que já te faz rir mas também te prepara para o que poderá vir. E vamos confessar: assistir filmes onde atores jovens, porém adultos, interpretam adolescentes estereotipados é sempre muito legal.




E já que falamos nos personagens, ali temos o atleta popular, o nerd vítima de bullyng, a líder de torcida interesseira, a gótica esquisita, o rebelde problemático e a aluna novata. Além deles há ainda os professores, tão estereotipados quanto os alunos e peças fundamentais para a trama de ficção. O elenco merece destaque,: para quem já é um pouco mais das antigas, vai reconhecer ali alguns nomes relativamente famosos, como um Ellijah Wood novinho e uma Famke Jansen quase irreconhecível.

A história narra acontecimentos estranhos que começam a ocorrer na escola de uma pequena cidade em Ohio, os professores começam a agir de forma deveras estranha e suspeita. Os primeiros a notarem isso são Casey (um rapaz nerd alvo de bullyng da escola) e  Delilah (a líder de torcida e ambiciosa colunista do jornal da escola) que, ao testemunharem um assassinato, percebem a gravidade da situação e tentam solicitar ajuda. E já que os adultos, como sempre, não dão ouvidos aos adolescentes, eles acabam se juntando com o esportista popular Stan, a gótica Stokles, o rebelde vendedor de narcóticos Zeke e a novata Marybeth para investigar e descobrir o que está acontecendo. E logo percebem que a situação atinge proporções gravíssimas em vista de uma invasão alienígena e que precisam encontrar rapidamente uma forma de acabar com isso antes que seja tarde demais.

O filme é uma verdadeira mistura de gêneros e situações, com diversas coisas acontecendo e se intercalando. Há ação, há ficção, há comédia, há romance, há tudo isso e um pouco mais.  Ao mesmo tempo que a história vai te prendendo, você acaba rindo dos absurdos da forma como a câmera é inserida e os diálogos acontecem, salientando muito o estilo debochado e estereotipado da época em que foi gravado. Mas a história é divertida e você acompanha com real interesse, torcendo pelos personagens que vão revelando ser muito mais do que aparentam em suas apresentações.
Uma das coisas mais interessantes do filme é a forma como são inseridas as inúmeras referências a outros filmes do gênero ficção/terror que, para quem conhece cinema, vai captar. Há menções e homenagens a Invasores de Corpos, Alien, Carrie - A Estranha, Pânico e vários outros.



Porém, é válido mencionar que não apenas na parte de diversão que o filme cumpre o seu papel: ele também tem uma abordagem relevante (principalmente para a época em que foi lançado) sobre bullyng, fazendo uma radiografia do comportamento dos jovens na sociedade atual. Porque ali, embora Casey  e Stonkles sejam os que mais sofrem o bullyng escancarado, os outros também são alvos de comparativos e cobranças. E os professores também são mostrados através de um viés muito presente em diversas escolas, onde os educadores oprimem e alienam os jovens através de uma postura agressiva e antidemocrática. Inclusive, em dado momento temos a canção Another Brick in the Wall do Pink Floyd tocando em uma cena, e ela se encaixa perfeitamente em todo o questionamento abordado e mostrado no filme, como uma crítica a rigidez e certos comportamentos do sistema educacional, sempre procurando perseguir e oprimir os jovens para que se adequem a padrões impostos.

Prova Final não é um filme grandioso e pode até mesmo passar despercebido, mas é uma obra interessante que entretém, diverte e, curiosamente, traz alguns debates interessantes sem querer ser sério demais. Em suma, ele tem um pouco de tudo que é necessário para o enredo e o público na medida certa, sendo, portanto, um ótimo filme teen dos anos 90.


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