10/01/2020

CARNIVAL ROW - crítica




por Lita


Imagine que criaturas que não são nem humanas nem animais, tais como fadas, faunos, gnomos e duendes estivessem num mundo muito próximo ao nosso, e em algum ponto da existência humana, esse povo seria descoberto, colonizado, e como sabemos como normalmente funciona, o mais forte tomaria o poder do mais fraco, tal como acontece na vida real.


Esse é o pano de fundo da série Carnival Row, lançada em Agosto de 2019 pela Amazon Prime. Com Orlando Bloom e Cara Delevigne como os protagonistas Rycroft e Vignette, chegamos num momento em que seres mitológicos e fantásticos, principalmente fadas e faunos, migram como refugiados com grande constância ao Burgo, cidade principal da República do Burgo, como fruto de uma guerra que assola suas cidades há mais de sete anos, deixando um rastro de muitas mortes e desabrigados.

Desvalorizados, sofrendo com a xenofobia e aceitando trabalhos á margem de uma sociedade com clara inspiração numa metade/final do séc. XX de uma Londres eduardiana, vemos casos de vidas que tiveram que ser reconstruídas do nada, tal como acontece com nossa protagonista, Vignette Stonemoss, uma Fae que acaba no Burgo após uma tentativa falha de auxílio a mulheres e crianças refugiadas, todos pegos numa emboscada. Sem chance de retornar para seu lar Tirnanoc, acaba embarcando num navio rumo ao continente, e entra na cidade como prisioneira e devedora de uma dívida a ser paga para seu então “bem feitor” e então dono do navio, Ezra Spurnrose.




Vignette (Cara Delevigne) é uma fada (raça dos Fae), chamada de Pixie pelos do Burgo (raça dos humanos). Logo no começo da série, sabemos que ela tem uma história com um ex soldado, conhecido nos dias anteriores à tomada do seu povo, e que após certos acontecimentos, acredita que ele morreu e é obrigada a seguir sua vida, mesmo após perder sua cidade, seu amado e sua antiga vida como guardiã e protetora da livraria de relíquias de Tirnanoc. Um detalhe que agradou bastante a crítica é em relação à bissexualidade de Vignette, explorada de forma natural com sua amiga desde sempre, Turmaline (Karla Crome), com direito a uma breve cena de beijo entre as duas num dos episódios.

Temos o fundo de todos os acontecimentos presentes explicados no terceiro episódio, que conta sobre fatos ocorridos nos 7 anos anteriores, durante a guerra. Tropas do Burgo são aliadas aos Fae para lutarem contra uma ameaça em comum, o Pacto. Durante a tomada de uma das cidades aliadas, Tirnanoc, Rycroft, chamado de Philo, conhece Vignette e bom, eles acabam se apaixonando. A cidade é tomada e com o crescimento do Pacto, que usa lobisomens para transformar soldados, as tropas do Burgo batem em retirada e os Fae são entregues para seus inimigos.

Philo/ Rycroft (Orlando Bloom) é um investigador da polícia do Burgo, e fica encarregado de descobrir o autor de uma série de assassinatos que começam a acontecer na cidade inicialmente, apenas com seres fantásticos. Vendo que nenhuma das autoridades dá a mínima com o que acontece com os povos imigrantes, toma para si toda a responsabilidade da investigação, e com o passar dos episódios, toda uma rede de envolvidos é revelada, chegando até os patamares mais altos da sociedade.

Muitas respostas são dadas ao longo da série, que acaba sua temporada com uma cidade fervendo com o assassinato de um de seus principais políticos, levando a um fechamento da mesma para todos os imigrantes e mestiços com o mundo dos Fae. Temos pontas deixadas para a próxima temporada, tais como o futuro político da cidade com o novo Chanceler, a partida de Imogem e claro, é esperado que seja melhor explicado sobre o que é realmente o Pacto, suas origens e se haverá uma tomada do Burgo pela crescente onda da nova seita religiosa dos submundos.




Recheada de referências que vão desde a Bela e a Fera com um casal improvável entre a burguesa Imogen Spurnrose e o recém chegado fauno Agreus, até Lovecraft no formato da face do grande vilão da série (revelado ao longo dos episódios), Carnival Row foi pensada por seu autor, Travis Beacham, para ser uma crítica social. Num misto de choque de culturas, intrigas políticas, tabus, romances proibidos, investigação e quebra de paradigmas, a série já tem uma segunda temporada confirmada.

Com visual histórico, com toda a arquitetura, veículos, vestimentas, meios de luz, todos ambientados nesse finzinho de séc. XX. Carruagens, vestidos com mangas bufantes e chapéus, iluminação a lampiões e muito preconceito são elementos presentes em Carnival Row.

Temos um ótimo elenco, que além dos protagonistas, conta com destaque para Karla Crome como a fada Turmaline, David Gyasi como o fauno Agreus, Caroline Ford como a ambiciosa Sophie Longburn, Tamzin Merchant como Imogem Spurnrose, entre muitos outros.



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